segunda-feira, 22 de setembro de 2008

AS BOLOTAS

Bolotas
, Receitas com bolotas,
Receitas de Outono


Algumas receitas com bolotas

um dos principais alimento dos povos ancestrais lusitanos e que apesar de ser um fruto que caiu em desuso com o passar dos séculos ainda é consumido em algumas regiões rurais portuguesas.
“O fruto da sobreira chama-se lande (popularmente landre, alandia) e daí se formou Landal, Landeiro, Landeira: as landes servem de alimentação aos porcos nos montados alentejanos; só em certos casos as comem as pessoas.
O fruto da azinheira, que é doce ou amargo, chama-se bolota ou boléta (Alentejo), e, se serve igualmente para os porcos, entra também, quando é doce, na alimentação da gente (comem boléta no Alentejo, do mesmo modo que nos terrenos de castanha os respectivos povos comem estas).
O fruto (do carvalho) destinado a engorda de porcos, chama-se (analogamente ao do sobreiro e da azinheira) lande ou landre, bolota ou boleta, conforme as localidades, (apresenta-se) inserido numa cúpula.”José Leite de Vasconcelos: Etnografia portuguesa.
Actualmente as bolotas e desde há algumas décadas não são um produto que tenha um mercado que justifique a sua produção para usos culinários e são utilizadas na sua maioria para alimentar porcos e outros animais. Todavia a bolota já foi um dos alimentos principais na dieta de alguns povos como os Lusitanos. Os Lusitanos para contornarem a escassez de cereais no Inverno, Colhiam as bolotas no Outono, transformavam-nas em farinha para produzir pão. Esta farinha uma vez seca, pode ser conservada durante todo o Inverno.
“Na quarta parte do ano não se mantêm senão de bolotas, que secas e trituradas, se moem para fazer pão, o qual pode guardar-se por muito tempo” Estrabão
A bolota apesar de conter taninos o que lhe confere um gosto um pouco amargo, é um fruto que continua a ser consumido e apreciado por algumas pessoas da região do Alentejo, em especial do Baixo-Alentejo. Infelizmente o uso tradicional culinário da bolota tem-se vindo a perder com o passar dos anos e é quase impossível conseguir bolotas nos grandes centros urbanos mas, aqui ficam algumas receitas que não caíram no esquecimento e continuam a ser confeccionadas pelas gentes do sul de Portugal. Para quem nunca teve a oportunidade de consumir bolotas aconselhamos vivamente que o façam pois para além de serem uma parte importante da nossa cultura gastronómica é um alimento saboroso e óptimo com vários nutrientes, vitaminas e proteínas.
Bolotas Assadas
As Bolotas podem ser comidas cruas, mas é comum serem assadas nas brasas das lareiras. As bolotas doces podem ser consumidas cruas e assadas sem qualquer problema, contudo nas bolotas amargas devem-se neutralizar ou eliminar os taninos.
O consumo de bolotas assadas ou cozidas é ainda bastante comum nas populações rurais de Portugal.
Receita do Pão/Bolo de bolota
A Farinha:
Apanhar bolotas doces.Tirar a casca e pôr de molho vários dias, mudando de água frequentemente.Cozer longamente em água. Os taninos irão tingir a água de vermelho. Recomeçar até que água saia clara. Este passo é fundamental para que os pães não fiquem amargos nem indigestos.Moer então as bolotas numa mó manual, à romana, (ou qualquer outro método mais moderno), até obter uma farinha.
O Pão:
Para fazer os bolos, seguir uma receita comum do pão (farinha de bolota, água, sal, fermento). Pode torná-la mais atractiva, tal como o fariam os lusitanos, incorporando mel, frutos secos ou um pouco de azeite, já à moda Romana.
(Fonte: Fórum Gastronomia)
*Pode-se adicionar farinha de milho ou de trigo para tornar o pão mais saboroso.
Sopa de Bolotas
Prepare uma sopa comum de feijão e batata mas substitua a batata por bolotas. As sopas em Portugal em tempos tiveram todas na sua base castanha e bolotas, mas depois dos descobrimentos e da introdução da batata em Portugal, esta substituiu as tradicionais castanhas e bolotas.
Queijinhos de bolota
Esta receita pertence ao livro de Soror Maria Leocádia Tavares de Sousa que professou no Convento da Conceição de Beja.
Ponha 500 g de açúcar em ponto de cabelo e deite 500 g de bolota, pelada e ralada. Junte uma clara de ovo e um pouco de canela. Retire do lume depois de ferver e deixe arrefecer. Com esta massa fina, molde com as mãos uns queijinhos, metendo no meio recheio de ovos-moles.
(Fonte: Sociedade agrícola do Freixo do Meio)
Doce de Bolotas
Cozem-se as bolotas e após estarem bem cozidas, retira-se a casca e a pele. Moem-se as bolotas e pesam-se. Levam-se as bolotas novamente ao lume com um pouco de água e com açúcar equivalente ao peso das bolotas. Deixa-se ferver alguns minutos até secar.Serve-se em taças com alguns frutos secos, ou utiliza-se como compota para recheio de bolos, barrar em pão…
Azevias
Pensa-se que as azevias eram também elas originalmente recheadas com um doce de bolotas pisadas com mel ao qual era adicionado grão, chila ou feijão.

domingo, 21 de setembro de 2008

TRAJES TRADICIONAIS

Trajes tradicionaisOs trajes tradicionais usados aqui acusam a influência do denominado Traje da Beira.

Rancho Folclórico "Os Camponeses de Sandiães"
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Informação Relacionada: Grupo Cultural e Recreativo “Os Camponeses de Sandiães”
Traje feminino de festa-domingueiro
Saia de arméu, rodada, com fita de veludo; casaca; blusa com bordados; chaéu de plumas, chinelas
Traje masculino de festa- domingueiro
Calça de fazenda; camisa de linho ou estopo com peitilho de riscado; colete também em fazenda ou casaca; chapéu de aba de fita e tamancos ou botas
Traje feminino de trabalho-semanal
Saia de burel ou riscado, apertada por uma cinta; blusa de chita, brochada até acima; avental; chapéu de varina/lenço; tamancos
Traje masculino de trabalho
Calças de burel castanho ou preto; camisa de cotim ou estopa; colete de burel também castanho ou preto; chapéu; tamancos.
A situação geográfica do país, a existência de duas grandes áreas de características opostas, a litoral e a serrana, que desencadeiam uma diferenciação de usos, costumes, modos de pensar e de sentir, tendencialmente determinados pelas características ambientais, parecendo também poder concluir-se da fundamental relação do homem português com a natureza.A forte componente religiosa da cultura portuguesa determina não tanto as formas da indumentária mas as ocasiões e as situações do seu uso.
Quanto ao traje popular português, as formas e as cores do traje popular português ajustam-se com uma evidência muito marcante à situação geográfica. A orla marítima veste-se de cores garridas do Minho ao Algarve. Exprime sentimentos positivos de alegria, de prazer, de desejo de viver e do sentido da festa. (...) A indumentária coaduna-se com os traços da personalidade, reveladores de um espírito aberto, habituado ao mar e consequentemente a horizontes infinitos.Na faixa territorial interna, a visualidade exprime a austeridade e a severidade dos costumes que vão de par com a dureza da vida e do trabalho e com o próprio clima, mais rigoroso e gélido. Das terras de Miranda ao Alentejo, o castanho abunda como base do vestuário exterior, tanto feminino e masculino. A lã é tratada sem corantes na sua cor natural, que é também a cor da terra. A proporção entre os elementos fundamentais da indumentária e os seus correspondentes decorativos é de pequena dimensão, não existindo profusão de policromia na roupa dos habitantes das zonas montanhosas.
O traje popular era feito segundo uma lógica autárcica, feito essencialmente com os recursos naturais locais - o linho e a lã - .Para se vestir o povo utilizava, antes de mais, as matérias primas que o rodeavam. Uma ou outra vez, para momentos especiais, recorria aos panos de feira, mais finos e apreciados. Por este motivo. Nestas terras tradicionalmente toda a gente cultivava o linho e aproveitava a lã das suas ovelhas. O linho era a fibra donde se fazia a maior parte das peças do vestuário feminino - blusas, corpetes, camisas, combinações, saiotes, coletes, saias, aventais, bem como as camisas dos homens, as ceroulas, as calças do tempo quente.
Da lã fabricavam as capuchas, as capas, as saias, os aventais, as meias, as calças, os coletes. O burel era usado em algumas destas peças, pois tinha consistência e durabilidade, era o caso da capucha que havia de durar uma vida inteira. A capucha...
Como já se referiu para além dos tecidos de fabrico caseiro - o linho, a estopa, os tomentos, o burel, o povo também recorria ao pano de feira, de fabrico industrial, sobretudo para momentos ou circunstâncias especiais. Na feira encontrava a mulher tudo o que precisava para o fato de casamento, para o traje de ver a Deus ou para ir à feira, à festa ou à romaria.
Para o casamento, a mulher fazia o seu fato de tecido fino, de armur, preto usado depois disso somente em ocasiões especiais.
Para ir á festa ou romaria e para o domingo, as preocupações redobravam; tanto nas cores como na qualidade dos tecidos, como nos complementos: as arrecadas, os cordões, as voltas, as moedas pendentes; os lenços de seda, os aventais bordados, o xaile de merino, as blusas com entremeios, rendas ou laços; as saias de armur, as chinelas de verniz.
Para os homens a camisa de linho, as calças de estopa, de burel ou de cotim. Fato preto para o casamento e as grandes festas. Nos pés, os tamancos e socos ou as chancas, sendo muito raro o uso das botas. Na cabeça o chapéu braguês de copa redonda e alta.
A saia é soerguida nas ancas, cingida pela cinta negra, fortemente apertada com muitas voltas.
Os trajes apresentam cambiantes que se adequam ao fim a que se destinam, o trabalho era executado com uma saia mais grossa e se destinar a ser usado em ocasiões de festa, é diferente.

Informação Relacionada: Grupo Cultural e Recreativo “Os Camponeses de Sandiães”
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Mais assuntos relacionados”:

Almocreve da Estremadura
· O BARQUEIRO DO MONDEGO
· A Saia no Traje à "vianesa" - Minho
· Os Aventais Minhotos - Minho

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Trajes de Portugal

A VINDIMA

A VINDIMA

Rádio só de música tradicional



A vindima
{Vindimas}
O trabalho das vindimas é efectuado por camponeses que, geração após geração se dirigiram para as mesmas plantações, quando a época se aproxima. Vêm em famílias completas. As mulheres, auxiliadas pelas crianças, cortam os cachos maduros e colocam-nos com cuidado em grandes cestos de vime. É então a vez dos homens intervirem, transportando as cargas para os lagares, amplos tanques de granito onde se inicia a corta.
Em tempos antigos, quinze a vinte homens supervisionados por capatazes saltavam para dentro dos tanques, davam braços, avançavam e recuavam numa longa fila, de um lado para o outro, esmagando as bagas num ritmo cadenciado; actualmente, esses homens foram substituídos por métodos de esmagamento mecânico de efeitos suaves. Os engaços e as grainhas não se emassam e o mosto mantém-se em movimento, produzindo óptimo resultado. Após a corta e a primeira esmaga, o mosto fica em repouso para ser trabalhado no dia seguinte. O período de fermentação vai estabelecer o valor do produto. Finalmente o vinho é coado e vazado e a fermentação interrompida pela adição de aguardente vínica, utilizada em geral na percentagem de um quinto de vinho extraído. O vinho fica então apto a permanecer em repouso nos meses frios de Inverno; no princípio do ano é trasfegado para remover os sedimentos e procede-se então ao enchimento dos cascos que serão transportados para as caves.

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CANÇÃO DA VINDIMA (bEIRA bAIXA)
{Outono} {Canções de Outono} {Textos de Outono} {Vindimas} {Seguinte}
Não se me dá que vindimem
vinhas que eu já vindimei.
Não se me dá que outros logrem
amores que eu já rejeitei.

Fui um ano à vindima,
pagaram-me a trinta réis;
Dei um vintém ao barqueiro, Ai
Fui p´ra casa com dez réis,

Dei um vintém ao barqueiro, Ai,
Fui p'ra casa com dez réis.
Pela folha da vindima,
pagaram-me a trinta réis;

Faço-me desatendida, Ai,
A mim não me escapa nada,
Faço-me desatendida, Ai,
A mim não me escapa nada.

Estou debaixo da latada,
nem à sombra, nem ao sol;
Estou ao pé do meu amor, Ai,
Nã há regalo maior,
Estou ao pé do meu amor, Ai,
Não há regalo maior.

Clique para ver a pauta e a letra. Fui ao Douro vindimar (website original)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

CONCEITO DE FOLCLORE

CONCEITO DE FOLCLORE

Roberto Benjamin*

Quando pesquisadores que estudavam tradições populares aceitaram -no século passado -a
palavra folk-lore para denominar a sua área de estudos pensavam que a palavra -criada artificialmente por
William John Thom em 1846 -sintetizava o seu conceito e, portanto, estaria isenta de controvérsias.
A palavra folclore, grafada inicialmente folk-lore fora formada a partir das velhas raízes saxônicas
em que folk significa povo e lore saber. Assim, segundo o seu criador, a nova palavra significaria
sabedoria do povo.
Logo, começaram as discussões. Questionou-se o sentido de saber, os seus limites. Para alguns, a
cultura material estava excluída -artesanato, técnicas populares como a culinária, a arquitetura, a
confecção de instrumentos musicais estariam fora do conceito e do campo de estudo. Para outros, a cultura
material somente estaria integrada ao folclore quando estivesse ligada à cultura não-material -estudos da
música folclórica incluiriam os instrumentos musicais; o estudo das festas tradicionais incluiria a sua
culinária etc..
O outro foco de discussão é povo e popular, que têm muitas acepções. Originalmente, o sentido de
povo, no conceito de folclore, indicava os integrantes das camadas sociais mais baixas das sociedades
camponesas tradicionais. Não existiria um folclore urbano, já agora aceito. A cultura dos povos
primitivos -entre eles os nossos índios -estava também fora desses estudos.
Por fim, os limites e sentidos semânticos da palavra povo e a inserção da idéia de sociedade de
classes, implícita no conceito de folclore, atrairia para a discussão intelectuais marxistas, com análises,
posições, idéias e teorias próprias, em geral divergentes do que se havia estabelecido, aumentando a
controvérsia.
No Brasil, durante muitos anos, prevaleceu o que ficou estabelecido na Carta do Folclore
Brasileiro, adotada no I Congresso Brasileiro de Folclore, realizado em 1951. Para Renato Almeida, a
Carta foi uma audaciosa tentativa de sistematização e enfocou corajosamente a problemática da
conceituação do folclore. Ele destaca, porém, que a Carta, ainda assim, estava cheia de omissões,
imprecisões e ambiguidades. Tais imprecisões e ambigüidades permitiram a sua reinterpretação ao longo
desses anos com a expansão dos limites conceituais, sem reabertura dos debates teóricos.
A Carta do Folclore Brasileiro estabelecia o seguinte: “...reconhece o estudo do Folclore como
integrante das ciências antropológicas e culturais, condena o preconceito de só considerar como
folclórico o fato espiritual e aconselha o estudo da vida popular em toda sua plenitude, quer no aspecto
material, quer no aspecto espiritual”.
“Constituem o fato folclórico as maneiras de pensar, sentir e agir de um povo, preservadas pela
tradição popular e pela imitação e que não sejam diretamente influenciadas pelos círculos eruditos e
instituições que se dedicam ou à renovação e conservação do patrimônio científico e artístico humanos
ou à fixação de uma orientação religiosa e filosófica.
“São também reconhecidas como idôneas as observações levadas a efeito sobre a realidade
folclórica, sem o fundamento tradicional, bastando que sejam respeitadas as características de fato de
aceitação coletiva, anônima ou não, e essencialmente popular”.
A releitura da Carta, realizada em 1995, durante o VIII Congresso Brasileiro de Folclore, para a
sua atualização, considerando a incorporação das contribuições de estudos das ciências humanas e de
letras, bem como a adoção de novas tecnologias, especialmente na comunicação, e das transformações da
sociedade brasileira, decidiu re-conceituar, considerando que: “Folclore é o conjunto das criações
culturais de uma comunidade, baseado nas suas tradições expressas individual ou coletivamente,
representativo de sua identidade social. Constituem-se fatores de identificação da manifestação
folclórica: aceitação coletiva, tradicionalidade, dinamicidade, funcionalidade.
Diante da nova conceituação, várias características que haviam sido atribuídas ao folclore
desaparecem, ou são relativizadas:
a) o anonimato -isto é, o fato folclórico não teria autor conhecido. Esta característica colocada em termos
absolutos tem sido progressivamente relativizada. Deixava de fora o artesanato e a poesia dos repentistas,
cujos autores são identificados no ato da sua criação.
b) aceitação coletiva -isto é, que seja do gosto, do agrado coletivo, de prática generalizada. Esta
característica tem sido usada na reinterpretação do anonimato. Para alguns folcloristas, a criação de um
autor conhecido passa a ser folclórica quanto há aceitação coletiva, quando passa a ser considerada
patrimônio comum do grupo e ocorrem adições, variações e reinterpretações. É também a aceitação
coletiva que torna possível considerar folclóricos os fatos originários da cultura de elite que tenham sido
aceitos e reinterpretados pelo povo.
* Presidente da Comissão Pernambucana de Folclore
c) transmissão oral -o aprendizado no folclore ocorreria, exclusivamente, por esta forma de transmissão.
Tomada em termos absolutos, esta característica também exclui o artesanato e as técnicas populares.
Exclui ainda a literatura de cordel e outras manifestações escritas. Renato Almeida considera que a

transmissão oral deve ter um sentido simbólico, por ela somente poder-se realizar no que diz respeito à
palavra, deixando de lado outros aspectos da cultura, onde o aprendizado se dá de outras formas. Estudos,
no âmbito da literatura popular, vêm redimensionando o conceito de oralidade, a partir da constatação da
existência de matrizes escritas na produção oral, isto é, o que se presumia que houvesse sido transmitido
oralmente, teve uma fase de transmissão através da escrita. Por outro lado, tem sido documentado,
também, a escrituração da produção oral e até mesmo o aproveitamento deste material escrito em novas
produções orais.
d) antiguidade -ser antigo foi condição do fato folclórico, para folcloristas mais tradicionalistas. A sua
significação era entendida ao pé da letra: velho, vetusto, entrado em anos. Como lembra Paulo Carvalho
Neto, antiguidade chegou a ser sinônimo de ciência folclórica, negando-se o reconhecimento de novos
fatos folclóricos -“folclore nascente”, no dizer daquele estudioso. Aceitar a condição da antiguidade é
negar às pessoas do povo a capacidade criativa. Certamente, ninguém duvidará que um escritor erudito crie
um conto ou um poema novo. Ao criador popular, se deveria negar tal possibilidade?
e) tradicionalidade e dinamicidade -é talvez a característica básica dos fatos folclóricos, é a linha
divisória que se coloca entre o popular urbano, como as canções populares que tocam no rádio, e o folclórico.
O entendimento do tradicional é também sujeito a discussões. Quando se coloca o que é tradicional em
oposição ao que é novo, chega-se à negação da dinamicidade. A dinâmica cultural, a evolução constante a
que todos os fatos culturais estão sujeitos não permite a admissão do entendimento do folclore meramente
como uma sobrevivência do passado. Há fatos novos no folclore, pela criação contemporânea do povo e
folclorização de fatos ou manifestações eruditos que estão merecendo a aceitação coletiva. Por outro lado,
há fatos tradicionais que não são folclóricos -como certas tradições cívicas, religiosas, etc. A
tradicionalidade é entendida hoje como uma continuidade, onde os fatos novos se inserem sem uma
ruptura com o passado, mas que se constroem sobre esse passado -são, por exemplo, materiais novos com
que se refazem peças de vestuário cuja matéria prima tornou-se escassa ou inacessível; são gírias que se
agregam a velhos contos; são lendas reinterpretadas; é o automóvel e o avião substituindo o cavalo e a
carruagem em narrativas tradicionais; é a fotografia substituindo a escultura do ex-voto etc.
e) espontaneidade -os fatos e manifestações folclóricos nascem da comunidade, não são
institucionalizados, não surgem de decretos e portarias; não se aprende nas escolas através de um exercício
sistemático, mas com a convivência, de forma quase inconsciente e progressiva.
f) funcionalidade -os fatos folclóricos integram sistemas culturais, exercendo funções e, portanto, não se
constituindo em traços isolados. O fato folclórico deve ser entendido na configuração do social, do
econômico, do político etc.
g) regionalidade -a manifestação folclórica é localizada, é própria de uma comunidade, de uma
localidade, de uma vila, de um povoado. Às vezes, o mesmo tipo de manifestação pode ser encontrado em
localidades diferentes e distanciadas, mas a documentação e análise do fato vai mostrar que se trata de uma
variante, isto é, manifestações que tiveram origens comuns, mas que foram sendo recriadas e/ou
reinterpretadas em cada lugar e se diferenciaram.
O folclore é universal e tradicional em seus temas e motivos, que devem ser considerados
invariantes. É regional e atualizado na ocorrência das variantes, que são o resultado da criatividade do
portador do folclore e de sua comunidade, como tem sido demonstrado nos estudos comparativos do
romanceiro e do conto popular por Bráulio do Nascimento.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

AS TRAIÇÕES DA TRADIÇÃO


Na Idade Média, a expressão tradutore traditore era usada para caracterizar o acto de traduzir. Quem traduz necessariamente trai. Ou, para utilizar
uma expressão opular mais próxima de nós, quem conta um conto acrescenta um ponto. Mesmo que inconscientemente. Todos nós apropriamos de maneira pessoal
as narrativas que lemos ou ouvimos, os gestos que fazemos, a própria língua que falamos. A aprendizagem cultural é feita, pois, como se estivéssemos num
permanente jogo de segredos, passando a palavra ao companheiro do lado e recebendo-a recriada no final da roda.
Quando transmitimos as histórias, os gestos, as palavras, é um pouco de nós que também ali vai. Se assim não fosse, o passado viveria tão colado
à nossa pele que não seria outra coisa senão o próprio presente. Felizmente não é assim. Constantemente traímos. Deste modo, a pior traição é aquela que
finge que não existe, aquela que acredita que entre o passado e o presente se estabelece uma relação de transparência, de continuidade absoluta. Quem
nisto acredita, ilude-se: não só nenhum de nós transmite passivamente os legados culturais como, muitas vezes, aquilo que nos parece ter raízes profundas
foi, na verdade, criado numa esquina próxima do tempo.

Os séculos XVIII e XIX foram particularmente pródigos na invenção de tradições. Estamos na altura em que se processa o nascimento dos Estados-Nação,
e era necessário mostrar especificidades nacionais que legitimassem essas realidades políticas. O interesse pelas tradições populares - com o folklore,
à cabeça - vem daí. O século XX prolongou este processo, no quadro dos totalitarismos emergentes. Entre nós, é possível apontar vários exemplos desta fabricação
institucional de marcas identitárias designadas como eternas ou imutáveis. Dos ranchos folclóricos à domesticação do fado, do galo de Barcelos à portugalização
da saudade, uma boa parte da cobertura ideológica do Estado Novo foi construída com recurso a este expediente.
Nos dias de hoje, o processo de revalorização cultural das particularidades socais deixa-se frequentemente seduzir por esta invocação de uma memória
supostamente mais «remota» e «autêntica». Repare-se como em alguns festivais étnicos ou feiras medievais é comum observar-se uma ânsia em reproduzir fragmentos
cristalizados do passado, que acabam por patrocinar uma formatação mitológica da memória colectiva. Esta romantização do tempo e do espaço tem ainda um
outro reflexo na rapidez com que se criam «tradições» e no modo indiscriminado como a palavra vem sendo usada: em diferentes lugares e circunstâncias,
um acontecimento que se realize pela terceira ou quarta vez consecutiva arrisca-se a ser visto como uma «tradição recente». Esta estranha expressão dá
conta de um certo conservadorismo difuso em muitas franjas sociais, que tendem a ver a simples invocação da «tradição» como argumento legitimador de acções
e discursos que se pretendem colocar em prática. Curiosamente, o recurso constante à «tradição», mais do que introduzir acrescentos de memória, induz à
amnésia. Uma comunidade obcecada pela nostalgia não é necessariamente uma comunidade mais atenta ao substrato cultural de onde vem. Pelo contrário, ela
vive numa constante presentificação do tempo acontecido que dificulta a retrospecção crítica e tende a eliminar a diferença que o próprio passado constitui.
Estas reflexões parecem-me particularmente interessantes no contexto específico da música vulgarmente etiquetada como «tradicional», «popular»,
«folk», «étnica», etc. Expressões enganosas se com elas se pretende sugerir algum tipo de pureza. Talvez «música nómada» - tomando de empréstimo o nome
do programa - desse melhor conta daquilo que na maioria das vezes se ouve sob esse rótulo. Sem citar nomes, uma série de grupos portugueses tem vindo a
mostrar que a música «tradicional» - ou «nómada», se preferirmos - não é menos criativa do que as outras. Encarando o passado como ruína, como vestígio,
estes grupos têm feito música sem receio de utilizar descaminhos e invenções. Sabem, enfim, que aquilo que se chama «tradição» é apenas um conjunto de
acrescentos sedimentados. Uma letra "d" a tentar, traiçoeiramente, encaixar-se no meio da palavra certa.
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Fonte:
Rodobalho - Cultura Tradicional

BOLFIAR, TERRA DE TRADIÇÕES

Bolfiar - Águeda - Aveiro - Portugal


Tradições
Destaca-se o artesanato, que desde da olaria, até à cestaria, passando tecelagem ou a tanoaria, a latoaria, os rendados e os bordados
As suas aldeias típicas Urgueira, Macieira de Alcoba ou Lourizela, deixam passar uma rusticidade impar.
A etnografia do concelho está muito bem representada pelos vários grupos folclóricos do concelho com provas dadas internacionalmente.

Aguada de Cima Festa das Almas Santas da Areosa Trata-se de uma das Romarias mais importantes do concelho de Águeda. Realiza-se no Domingo de Pascoela. Ligada a esta Romaria ainda se vêm carros de bois enfeitados relembrando tempos antigos em que as pessoas se deslocavam nesses meios de transporte e ao mesmo tempo cumpriam as "suas Promessas" dando voltas à capela com os carros de bois.

Festa dos tremoços Está ligada ao Pentecostes e à Festa de Senhora, em Outubro. Os mordomos da festa, durante a tarde desse dia distribuem tremoços por todas as pessoas que se dirigem às suas casas. Terão os tremoços ligação, no passado, a uma peste devastadora que assolou a terra? Terá um sentido de solidariedade, dos ricos para com os mais pobres, dado que acontece dentro de épocas de colheitas ? Os palmitos do Domingo de Ramos Os homens iam neste Dia à Missa e levavam na mão um palmito (folhas de palmeira enfeitadas com lacinhos de seda de várias cores), oferecido pelo Juiz da igreja. A beleza e a grandeza do palmito revelava o estrato social de quem os levava. Nos últimos anos, algumas pessoas têm-se juntado para recuperar esta tradição, embora os palmitos já se vejam nas mãos de homens e mulheres. Grupo do "Cacetório" Existiu em Aguada de Cima até à data em que a GNR foi para Águeda. Este grupo fazia o julgamento popular. Saíam à cena sempre que fosse ameaçada a moral pública e aplicavam justiça por suas próprias mãos e publicamente. Vestiam gabão, usavam um grande cacete como símbolo e tinham um sinal de "toca a reunir". A Escarpelada Típica e as Marchas Populares Dois acontecimentos do passado que são dinamizados pela secção cultural da LAAC (Liga dos Amigos de Aguada de Cima), embora mais a escarpelada do que as Marchas. Recriação duma escarpelada à moda antiga, também é feita na Forcada, precisamente no lugar onde outrora em muitas noites de Outono se cantava e dançava depois de se ter escarpelado o milho que o agricultor tinha nas eiras. A Volta ao Termo É a tradicional visita aos marcos e aos malhões da freguesia. Os marcos são de pedra e os malhões são de terra. Realiza-se todos os anos no sábado antes do Carnaval.

Águeda
Festa do Leitão à Bairrada (Mostra de Artesanato e Gastronomia) O objectivo consiste na actividade de promoção turística da terra e da região, na descoberta das riquezas e das potencialidades de um amplo e vasto concelho de caminhos artesanais e gastronómicos bem definidos e muito apreciados. O visitante deve apreciar o requinte da gastronomia, deixar-se deslumbrar pela beleza do artesanato e saborear o delicioso leitão assado à Bairrada, associado com o gélido espumante bruto das Caves da região. Sendo a região da Bairrada uma verdadeira fonte de bons néctares, no que diz respeito à vitivinicultura, temos um perfeito "casamento" entre os pratos gastronómicos e os bons vinhos da região demarcada da Bairrada. Esta festa permitiu também, desde o início, despertar para a Certificação do produto à promoção e divulgação da gastronomia regional com o seu ex-libris que é, sem dúvida, o leitão assado à Bairrada. Organização: ACOAG - Associação Comercial de Águeda Início da sua realização: 1994 Data da sua realização anual: Setembro Festas da Nora Existem motivos acrescidos para visitar Bolfiar, terra de tradições e romarias, desde que o Núcleo Desportivo de Bolfiar voltou a montar a nora no rio Águeda e a organizar uma das mais pitorescas, concorridas e brilhantes festas que animam o verão no concelho de Águeda. A praia fluvial está uma delícia e o Nora-Bar e a sua esplanada são uma obra-prima dos carpinteiros de Bolfiar. Talvez seja esta a melhor homenagem aos seus antepassados que arregaçavam as calças e andavam no rio de anchó em punho, montando as noras contra a irreverência das águas límpidas do rio Águeda. A nora lá está, chiando de nostalgia em cada volta que dá. Que saudade das mondadeiras e dos catraios chapinhando nos regos talhados entre filas intermináveis de milho verde! Esta frescura continua presente no trabalho da Junta de Freguesia de Águeda e dos dinâmicos dirigentes do Núcleo, tornando aprazível a excelente praia fluvial, que já acolhe um verdadeiro enxame de veraneantes, no grande e limpo espelho de água, onde o Alfusqueiro e o Agadão misturam as suas águas e se passam a chamar Águeda. Organização: Núcleo Desportivo de Bolfiar Data da realização anual: Agosto

Procissão do Senhor dos Passos Águeda celebra os Passos, tradição religiosa todos os anos renovada e viva, organizada pela Irmandade do Senhor Jesus - que teima em não deixar perder na memória do tempo cerimónias consideradas únicas no país. Não se sabe ao certo quando se terão realizado as primeiras procissões. A devoção do Senhor dos Passos vem de tempos muito remotos, mas há quem defenda os meados do século XVII, até mesmo um pouco antes, como muito prováveis. A procissão dos Passos é, sem dúvida, o mais alto expoente do culto religioso de Águeda, todos os anos repetida, perdurando impulsionada pela mesma fé e animada dos mesmos sentimentos. Organização: Irmandade do Senhor Jesus Data da realização anual: Março/Abril

Espinhel
Festas em honra de S. José Operário Casaínho do Baixo
Fermentelos Festival das Comunidades / Apanha do Moliço A Associação Pró-Emigrante organiza, em Agosto, o Festival das Comunidades. O programa normalmente inclui bandas, folclore, cantigas e fado, apanha do moliço, missa solene na Praça do Emigrante, provas desportivas na Pateira, almoço-convívio de atletas, participantes e convidados, sesta nas margens da Pateira, exibição de aeroclubes e lançamento de paraquedistas. A apanha do moliço é uma prática secular que a Associação Pró-Emigrante não quis ver acabada, que promove em Agosto, após muitos anos de interrupção. Todos os anos, no dia 25 de Agosto, era hábito, em Fermentelos, proceder à apanha do moliço, nas águas da Pateira, que servia para o adubamento das terras, chegando mesmo a fazer-se entre as gentes de Fermentelos disputas para ver quem conseguia mais. No ano de 1998, a iniciativa mobilizou várias pessoas, de várias gerações, aproveitando o dia para fazer um convívio entre os emigrantes que se encontram de férias, onde não faltaram os rojões e as batatas cozidas, para que a recriação fosse completa. Organização: Associação Pró-Emigrante Data da realização anual: Agosto
Macieira de Alcoba
Milagre da Urgueira Foi em 1996 que a Associação Etnográfica Os Serranos deu início à reconstituição da romaria tradicional à N. Sra. da Guia, junto ao forno comunitário da Urgueira, na freguesia de Macieira de Alcoba. Logo no primeiro ano, juntaram-se cerca de 5000 pessoas, na mais alta e mítica aldeia serrana do concelho de Águeda, testemunhando um acontecimento invulgar, onde se casa e vive em harmonia a tradição, o povo e o folclore. Os milhares de romeiros vão ver como é o folclore por dentro, sem artifícios nem distorções. Não há aparelhagem sonora, não há palcos e os grupos rivalizam entre si, actuando em simultâneo para conquistar a atenção da multidão. Tal como se fazia espontaneamente há muitas desenas de anos atrás. A festa começa com a espontaneadade das actividades naturais e desejadas. Quando as concertinas minhotas, ou os acordeãos da Extrematura ou do Alentejo ou as gaitas de foles da Galiza lançarem o desafio, o festival fica imparável e três terreiros nem são demais para satisfazer a fome de exibição, a vaidade das tocatas e a prosa das moças e dos rapazes que dançam. A perícia e o talento das músicas é posta à grande prova e o entusiasmo não tem limites. Com este ambiente, a Urgueira torna-se no grande folclódromo da região. Os Serranos têm a fama de receber bem e de não descuidar a organização. Tanta animação pede substância e alimento, quer para o corpo, quer para a alma. Este será, portanto, outro motivo para subir até à Urgueira, para além da excepcional paisagem que se perde na linha azul do mar e nos braços estendidos da ria de Aveiro, que se espreguiçam entre Ovar e Mira, num acto que se desculpa e compreende. Organização: Associação Etnográfica "Os Serranos" Re-início da sua realização: 1996 Ceia Serrana A Ceia Serrana acolhe algumas centenas de pessoas, que atempadamente se inscrevem. Com uma tradição que tem raízes em 1984, pela iniciativa de Francisco Silva e outros seus colaboradores que ainda hoje se mantem. A ceia serrana é uma realidade que exemplifica a generalidade das obras serranas. A ceia é simples, genuína, forte, paladosa e muito animada. A gastronomia serrana não é especialmente elaborada: é muito simples! Mas a autenticidade da substância e dos métodos confere-lhe um encanto especial. Azeite novo!... como invade os sentidos, subindo nas espirais do vapor que sobe das couves fumegantes e acamadas ao lado da queixada de bacalhau. Um rabo de sardinha amarela, salpicado de alho miudinho, também espreita por entre duas lascas de bacalhau seco ao sol húmido da Gafanha. Depois de estimulados os sentidos com paladares do passado, lá virá a fartura serrana com esplendor e técnica tradicional: rojões e chouriço com nabiças. Quando começarem as vozes de canto e acordes de concertina, também virão as rabanadas e os bilharacos. Por hábito, também se lhe juntam aletria e cavaquinhos, arroz doce, violões e violas toeiras, "orelha de frade" e a rabeca d'Os Serranos. E mais as vozes por dois ou três oitavas. Como também é habitual cada participante terá que levar prato e colher. É a forma de partilhar. As contas são feitas no local, partilhando e dividindo uma despesa simples por todos os inscritos. Organização: Associação Etnográfica "Os Serranos" Local: Itinerante pelas aldeias da encosta ocidental da Serra do Caramulo Data da realização anual: Novembro Início da sua realização: 1984

Macinhata do Vouga Festa do Porco Jafafe

Travassô
Queima do Judas A Queima do Judas é uma tradição satânica que perdura há vários séculos, mantendo vivo o espírito com que foi criada. Data da realização anual: Março

domingo, 1 de junho de 2008

ARTE XÁVEGA ANIMA PRAIA DA NAZARÉ

Arte Xávega anima praia da Nazaré em Maio e Junho
A Arte Xávega, um dos mais tradicionais tipos de pesca da Nazaré, regressa ao areal da praia nos próximos meses de Maio e Junho.
Esta iniciativa, promovida desde há vários anos pela Câmara Municipal da Nazaré com o apoio da Região de Turismo Leiria/Fátima e da Associação Comercial,Industrial e Serviços da Nazaré, tem como principal objectivo a animação do areal da praia da Nazaré e a divulgação da cultura marítima local, atravésda recriação desta ancestral arte de pesca.
Levada a cabo por uma das companhas ainda existentes na Nazaré conhecedoras das lides da xávega, e enquadrada pelo belo cenário natural da enseada e dopromontório da Nazaré, esta reconstituição transforma-se numa mostra dos rituais de um passado que se pretende preservar e dar a conhecer, não só aos visitantes,mas também às gerações mais novas.
Nesta recriação, e à semelhança do que acontecia quando a xávega era uma arte de pesca ainda em uso, os pescadores lançam as redes de manhã, a partir dassuas embarcações, em zonas específicas do mar, ao largo da costa, designadas por “lances” (conhecidos pelos pescadores a partir dos chamados enfiamentosdos sinais de terra e de mar).
À tarde, as redes são recolhidas, a partir de terra, por pescadores e peixeiras, naquele que é o momento mais emblemático da arte xávega. O peixe capturadoé, posteriormente, vendido numa improvisada lota de praia (em frente à Praça Sousa Oliveira), reconstituindo também os antigos processos de venda, nomeadamenteo “chui” – o sinal de compra do pescado.
A arte xávega caiu em desuso nas últimas décadas do século XX, devido a factores de ordem económica e social e, sobretudo, pelo avanço da tecnologia decaptura de pescado. Todavia, os esforços conjuntos da autarquia, entidades locais e pescadores têm tentado preservar e reavivar esta memória, numa iniciativaque decorre desde 1995.
A realização da arte xávega está condicionada às condições atmosféricas e de mar.